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De volta às letras

Por Mariana Cunha


Carmen passava seus dias rodeada de pessoas. Em sua salinha no Centro Acadêmico Arlindo Pasqualini (CAAP), na Escola de Comunicação, Artes e Design - FAMECOS, trabalhava facilitando a vida dos estudantes ao vender lanches por preço justo. Vendia doces, cafés, salgados e até marmitas caseiras no lugar destinado ao descanso dos alunos dentro da faculdade. Enquanto alguns dormiam pelos sofás, tocavam violão, jogavam sinuca ou se dirigiam ao local para conversar com ela. Carmen tirava dali o seu sustento. Todos os dias.


Começou a trajetória na PUCRS trabalhando em uma loja de cópias no campus. Sua função era adequar os trabalhos acadêmicos às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Algum tempo depois, Carmen montou uma equipe de trabalho e abriu a microempresa Datilcopy, que oferecia, além de ajustamento de textos às normas da ABNT, serviços de digitação, revisão da norma culta portuguesa e traduções. Com o passar dos anos, Carmen optou por fazer uma pausa. E decidiu ajudar os estudantes de outra maneira. Começou a vender comida. Foi um sucesso imediato. “Sempre havia estudantes na salinha do CAAP trocando umas ideias comigo. Criei vínculos e participei da trajetória de muitos até se formarem. Hoje sinto saudade e orgulho de cada um”.


Mas, assim como o resto do mundo, teve que parar de trabalhar devido à pandemia do novo coronavírus. Com 63 anos e doçura no olhar, Carmen admite que não está sendo fácil. As dificuldades são diversas. Além de não conseguir vender os lanches, a falta de contato com pessoas afeta até o bem-estar. Para tentar driblar a situação, ela se refugia em filmes e livros. A autônoma é rigorosa no isolamento social. “Faço tudo como manda a cartilha, para me proteger e proteger os que amo”. Carmen fica em casa o dia todo. Só sai para ir ao mercadinho da esquina, na Avenida Bento Gonçalves, em Porto Alegre.


Como todos, Carmen teve de se reinventar. Acionou seus sócios, contou com a ajuda de um estudante de publicidade para organizar a página no Instagram e retornou com os serviços da Datilcopy. “Agora trabalhamos assim, cada colaborador com sua função, de sua casa”. A autônoma está no aguardo do final da quarentena para voltar à rotina. “Trabalhar na PUCRS é muito bom! Lugar perfeito para conviver com pessoas maravilhosas, com estudantes e adquirir conhecimentos no dia a dia através deles. Tenho saudade desses momentos.”



 
 
 

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